quarta-feira, 16 de junho de 2010

A VIDA NO DESERTO

A VIDA NO DESERTO: SILÊNCIO

Meditação: Se o SENHOR não tivera ido em meu auxílio, a minha alma quase que teria ficado no silêncio. Salmos 94:17

Deus está em toda parte. Porém, a única maneira de vivificar as coisas de Deus é vivificar o coração. Quando o coração se enche de Deus, os fatos da vida se enchem do encanto de Deus. E o coração se vivifica no deserto porque é este um tempo forte dedicado a Deus em silêncio, solidão e oração. Deserto significa confronto consigo mesmo e com a proposta de Deus referente a realidade do presente que estamos vivendo e que requer de nós uma tomada de posição, uma resposta. Aí esta o significado do deserto que Jesus fez antes de sair para o anuncio do Reino de Deus: estar cheio do Espírito Santo.

Na vida do deserto, no silêncio estamos presentes somente nós e Deus. Experimentamos o amor gratuito de Deus: O Pai me ama sem um porquê, sem um para quê, sai a meu encontro e me guia quando estou nas trevas e nas noites escuras da fé; e eu só tenho que me deixar encontrar e ser amado por Ele. A ambigüidade de nossas motivações e de nossas generosidades emergem, e nos vemos tal como somos, ou melhor, tal como Deus nos vê.

A primeira condição da Vida do Deserto manifestada pelo silêncio é a paciência. Paciência para que os que querem tomar Deus a sério. Paciência não é a arte de esperar, mas a arte de saber, e o que se sabe se espera. E, no caso presente, saber que Ele é essencialmente gratuidade e, por conseguinte, as iniciativas de uma graça são e serão desconcertantes e imprevisíveis para nós: porque nEle não funciona como em nós – as leis de causa e efeito, ação e reação, as leis da proporcionalidade, os cálculos de probabilidade, mas somente a lei da Gratuidade: tudo é Dom, tudo é graça.

Deus tem o seu tempo, a sua hora de que na plena gratuidade, que é de falar, tocar, experimentar a nossa humanidade. Importante é nos colocar em profunda, serena e calma atitude de adoração e espera. “Deus vai me falar”.

Não se esqueça de que o crescimento em Deus será lentamente evolutivo e com prováveis altos e baixos, precisamos ter paciência também nisto.

E a paciência irá gerar a perseverança. Perseverança é o segundo sinal gerada pelo silêncio do deserto. Perseverar nos momentos de aridez e dispersão.

O terceiro sinal mais seguro da presença divina manifestada pelo silêncio do deserto não é o fervor, mas a paz, uma paz – diferente da calma – que reside no nível profundo da pessoa humana.

E por fim, não podemos esquercer da esperança que nunca morre. A ilusão acaba em desilusão. Mas a esperança é uma força estável, serena e imortal que, quando tudo cai por terra, ela sempre responde: não importa, comecemos outra vez, amanhã será melhor, para cima! Vamos adiante!



PENSE: Ó Deus,

Este é o momento mais precioso do meu dia:
Vir em Teus pés em quietude
Enquanto a luz enche o meu mundo de alegria,
Passada a noite,
Passada a madrugada
Por entre gotas de orvalho formadas sobre a terra escura,
Nos segredos da noite,
No sossego dos mistérios de Deus.
Tu não podes segurar o vento do deserto.
Lá não tens montanhas para te protegerem
nem cavernas para te esconderes.
Mas podes ficar quieto,
Com o coração aberto,
E escutar no vento a voz de Deus.
Estradas de luz abrem-se o mundo,
Descendo de Deus, o Eterno.
Obrigada, Pai, por tornares santo este lugar
E abençoado este tempo na tua presença,
Na quietude do dia que nasce neste deserto,
Onde escuto a Tua voz com o coração aberto.

(Quietude. De Clarisse de Barros)

Rev Emir Tavares

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